1874 Colégio Culto à Ciência
1896 Ginásio de Campinas
1942 Colégio Estadual de Campinas
1947 Colégio Estadual José Bonifácio
1947 Colégio Estadual Culto à Ciência
Atual: E E Culto à Ciência
Campinas – SP
Desenho, de Arioto Milla, baseado em foto da época.
Fonte: Culto à Ciência, cento e treze anos a serviço da cultura . Campinas, 1986, p.
Em 12 de janeiro de 1874 foi inaugurado o Colégio “Culto à Ciência”, que começou a funcionar no mesmo ano da inauguração. O então secretário da sociedade maçônica, o dr. Manuel Ferraz de Campos Sales fez um discurso salientando, entre outras coisas, a necessidade da “instrução popular.”
A escola deve seu nome à “Sociedade Culto à Ciência”, cujos membros, pertencentes à Comissão de Justiça da loja Maçônica Independência de Campinas, decidiram, no ano de 1869, pela criação de um estabelecimento de ensino leigo na cidade. Inaugurado em 1874, como “Colégio Culto à Ciência”, foi dirigido pelos maçons até a dissolução da Sociedade, passando para o poder público em 1892.
O nome da escola é uma referência aos ideais positivistas, pois, para eles, “a razão era o novo guia da humanidade e cultuar a ciência era o mesmo que cultuar a razão”(Afonso e Pinto: 1986, p.15).
Segundo Affonso e Pinto (1986, p.20), o primeiro surto de febre amarela em Campinas, em fevereiro de 1889, obrigou o Colégio a suspender suas atividades, que foram reiniciadas somente em julho Desenho, de Arioto Milla, baseado em foto da época. daquele mesmo ano. Em 1890 as aulas foram reiniciadas em janeiro mas, o funcionamento da escola foi novamente interrompido pois a febre amarela, que tomou conta da cidade, ainda não tinha sido completamente debelada.
Durante o ano da proclamação da República e no ano seguinte o Colégio não funcionou regularmente, voltando às suas atividades somente em 1891 quando a situação financeira da “Sociedade Culto à Ciência” estava abalada. As autoras destacam que o Colégio sempre enfrentou dificuldades financeiras, sobretudo pelo grande número de alunos pobres que não tinham condições de pagar nem a taxa de matrícula e as prestações cobradas aos alunos serem irrisórias.
Destacam ainda as autoras que a Sociedade que havia idealizado o Colégio estava mais preocupada, naquele momento de grave crise financeira dele, em assumir o governo da República. Nesse contexto foi realizada a última assembléia da Sociedade, em 24 de dezembro de 1892, na qual ficou decidido que todo seu patrimônio passaria para a municipalidade campinense, para fins únicos de instrução, como previa o artigo 43 de seus estatutos.
O prédio em que funcionava o antigo Colégio ‘Culto à Ciência’” passou a pertencer ao Estado dois anos depois. Conforme Lei nº 284, de 14 de março de 1895, o então governador do Estado, Manoel Ferraz de Campos Salles, criou o Ginásio de Campinas. Instalado e inaugurado em 4 de dezembro de 1896, quando era Secretário do Interior Antonio Dino da Costa Bueno, o ginásio foi instalado no prédio onde funcionara o Colégio Culto à Ciência.
Esse prédio permanece até os dias atuais, e mantém o estilo da arquitetura clássica francesa do século XVII, ainda que tenha passado por algumas reformas.
Segundo o Anuário do Ensino do Estado de São Paulo (19071908), desde sua fundação até 1908, só se bacharelaram ali 32 alunos, devido às epidemias de febre amarela.
Compunham seu corpo docente, em 1907: Américo Brasiliense Antunes de Moura, catedrático de Português; Bento Ferraz, de Literatura; Dr. João Keating, de Francês; José Stott, de Inglês; Dr. Camillo Vanzolini, de Italiano; João von Atzingeti, de Alemão; Dr. Eduardo Gê Badaró, de Latim; Henrique Augusto Vogel, de Grego; André Perez Marin, de Aritmética e Álgebra; Ernesto Luiz de Oliveira, de Geometria e Trigonometria; Luiz Bueno Horta Barbosa, de Mecânica e Astronomia; Manoel Agostinho Lourenço, de Física e Química; Francisco Furtado Mendes Vianna, de História Natural; Gustavo Enge, de Geografia; Basilio de Magalhães, de História do Brasil e interino de Historia Universal; Dr. Abílio Alvaro Miller, de Psicologia e Lógica. Eram auxiliares de ensino os Srs. José Villdgelnn Junior, professor de Desenho, e Jorge Carlos Guilherme Hennigs, professor de Geometria. Era preparador de Física e Química o sr. Eugenio Buleão.
O número de alunos matriculados no ano de letivo de 1907 foi de 99, com a freqüência média de 88.
Cleide Maria de Lucca Affonso e Maria Nívea Pinto destacam que “no ano de 1942 o ensino secundário foi dividido em dois ciclos: o primeiro, de quatro anos, formando o curso ginasial e o segundo, de três anos, compreendendo dois cursos paralelos: o clássico e o científico. Devido a esse acontecimento, o Ginásio de Campinas passou a denominarse, em 9 de abril de 1942, Colégio Estadual de Campinas.
No dia 4 de dezembro de 1946, o Colégio comemorou cinqüenta anos de existência como instituição oficial. Houve muitas comemorações nessa data e a Associação dos exalunos pleiteou a volta à denominação de “Culto à Ciência” para o Colégio Estadual de Campinas.
Ocorreu, então, um fato pitoresco. O então governador, Dr. Ademar de Barros, entendendo que Campinas pretendia cultuar a ciência, assinou o decreto nº 17306 em 17 de junho de 1947, alterando o nome do Colégio para Colégio Estadual “José Bonifácio”, considerando que José Bonifácio representava a homenagem que o corpo docente e toda a cidade de Campinas desejava prestar às ciências. Dessa forma, o Colégio levou o nome de “José Bonifácio” até o dia 1 de julho do mesmo ano, quando o decreto nº 17350 entrou em vigor dando-lhe a denominação de Colégio Estadual Culto à Ciência”(Afonso e Pinto: 1986, p.22).
O Sistema de Informações Educacionais da Secretaria de Estado da Educação indica que o decreto n º 8.761, de 12de outubro de 1976, apontado no Diário Oficial de 13 de outubro de 1976, altera o nome da escola para Escola Estadual de Segundo Grau Professor Benedito Sampaio. O decreto n º 8.795, de 14 de outubro de 1976, apontado no Diário Oficial de 15 de outubro de 1976, torna sem efeito o decreto anterior, voltando para a denominação de Escola Estadual de Segundo Grau Culto à Ciência.
Conforme resolução nº 12, de 1 de dezembro de 1992, publicada no DOM de 24 de dezembro de 1992:08, o prédio do Colégio Culto à Ciência, situado à rua Culto à Ciência nº 422, foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas – CONDEPACC.
Atualmente a escola oferece Ensino Médio (Geral).
Endereço atual:
Rua Culto a Ciência, 422 – Botafogo
Campinas, SP – CEP 13020060
Telefone (19) 3232.3511
BIBLIOGRAFIA
AFFONSO, Cleide Maria de Luca e PINTO, Maria Nívea. Culto à Ciência, cento e treze anos a serviço da cultura . Campinas: Gráfica Tecla Tipo Ltda., 1986. SÃO PAULO (Estado). Inspectoria Geral do Ensino. Annuario do Ensino do Estadode São Paulo. São Paulo: Typ. Augusto Siqueira & C., 1907 1908.
SÃO PAULO (Estado). Directoria Geral da Instrucção Publica. Annuario do Ensino do Estado de São Paulo . São Paulo: Typ. Siqueira, 1908 1909.
SÃO PAULO (Estado). Directoria Geral da Instrucção Publica. Annuario do Ensino do Estado de São Paulo . São Paulo: Typ. Siqueira, 1913.
SÃO PAULO (Estado). Directoria Geral da Instrucção Publica. Annuario do Ensino do Estado de São Paulo . São Paulo: Typ. Augusto Siqueira & C., 1915.
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O Colégio Culto à Ciência por Martinho Caires, 25/05/2015:
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Culto_%C3%A0_Ci%C3%AAncia#/media/File:Col%C3%A9gio_Culto_%C3%A0_Ci%C3%AAncia_-_Campinas_Foto_Martinho_Caires_150525_150525_029.jpg
Fonte: https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/escola-estadual-culto-a-ciencia-realizara-duas-mostras-virtuais-em-setembro/
Loja Maçônica Independência - Campinas/SP - Fonte Google Maps
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HINO DO COLÉGIO "CULTO À CIÊNCIA"
Versos - Nogueira Braga
Música - Sofia Helena
Sendo aluno do "Culto à Ciência"
Meu dever se resume no estudo.
Se o cumprir trago em paz a consciência,
Sou feliz e na vida isso é tudo.
Tu, meu "Culto à Ciência", és orgulho
Desta moça falange estudiosa.
A teus pés minhas flores debulho,
Tradição de Campinas gloriosa.
Deus te cubra de bençãos na vida
Aumentando o valor de teus brilhos,
Para glória da Pátria querida,
Para orgulho imortal de teus filhos.
Salve "Culto à Ciência", teu nome
Ontem, hoje, no tempo que passa
Só tem sido um brazão de renome
Na cultura geral de uma raça.
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