sexta-feira, 10 de julho de 2020

O Espião Nazista Preso no Brasil que sabia construir Discos Voadores

O Espião Nazista Preso no Brasil que sabia construir Discos Voadores


Pesquisa: Marco A. Guimarães Jr. - PROVQI




Notícia no jornal “O Dia”, Curitiba, 16 de maio de 1952, pg.12



Seu nome verdadeiro era Josef STARZICZNY, espião alemão que trabalhava para o “Espião do Hitler” o galês chamado Gwilym Williams (GW) que pertencia a então Serviço de Inteligência Militar Alemão ou Abwehr.

Em seu passaporte chegou ao Brasil com nome “Nils Christian Christiansen”. Provavelmente a escolha desse nome, tenha relação com o físico dinamarquês Chrisitan Christiansen, que foi o “orientador de doutorado” do famoso físico Niels Bohr. Outra hipótese da origem de seu nome falso, era um outro Christiansen (esse dinamarquês) e membro da Gestapo.

Com disfarce de comerciante e falso dinamarquês, mantinha contato com o espião brasileiro Wilhelm Gieseler, filho de brasileira e alemão, esse mudando de Santos para Alemanha aos 6 anos de idade.

"Esse mesmo Josef, utilizava o disfarce de dinamarquês como explicado anteriormente, mas tem um fato interessante, o verdadeiro Christensen (o dinamarquês) era um agente da Gestapo e trabalhava na contraespionagem em Hamburgo, e Josef e Christensen eram amigos. A rede de Josef, que na verdade era comandada através do cônsul alemão Otto Uebele, tinha uma grande ramificação, e também atuação integrada com as cidades de Recife, Rio de Janeiro, Vitória e Porto Alegre. Na rede existiam dois brasileiros simpatizantes, José Ferreira Dias e Galdino Medeiros, ambos estavam estabelecidos no Rio de Janeiro, e em Santos a rede era composta dos alemães: Wilhelm Gieseler, Ulrich Uebele (filho do cônsul), Heinrich Bleinroth, Otto Boffcher, além de Josef. Os objetivos estavam centrados na coleta de informações marítimas e também em trabalhos de sabotagem nos navios atracados no porto de Santos." (...)
Fonte da imagem aqui

"Mas Gieseler foi mais a fundo com seu trabalho de espionagem. Durante o conflito mundial ele desenvolveu ações com a rede de espionagem de Uebele-Starziczny (o falso dinamarquês), e um dos fatos mais intrigantes foi o contato desenvolvido com um funcionário do consulado inglês em Santos, que de alguma forma conseguia informações importantes das políticas de guerra da Inglaterra na América do Sul. Outro fato interessante foi o contato que Gieseler mantinha com uma garçonete brasileira que trabalhava no Bar Scandinávia no centro de Santos, e a mesma recolhia informações de marinheiros bêbados e desafortunados que soltavam todo tipo de gracejos e informações pelo sorriso da garçonete, e outras “coisas” a mais, como se diz no ramo da espionagem, uma verdadeira “andorinha”. O grande objetivo do Nazista santista era coletar o máximo de informações sobre as movimentações dos navios mercantes e militares do Brasil e dos aliados, e também entender as trocas de informações secretas entres os diversos consulados que existiam em Santos, principalmente o inglês." (...).

Abaixo trecho da narrativa de John Humphries sobre nosso espião. Boa leitura!



“O nome no passaporte do homem chegando de navio ao porto de Santos, litoral de São Paulo, em fevereiro de 1941 era Nils Christian Christiansen. Em sua mala havia um transmissor de rádio com alcance de 15 mil quilômetros, mais do que o suficiente para enviar sinais a Hamburgo e Berlim. Na realidade, porém, tratava-se de Starziczny, enviado pela Abwehr para espionar movimentos de navios britânicos pelo Atlântico Sul.

A carreira de Starziczny na espionagem havia começado na Cidade do México, onde, no início da guerra, ele era funcionário da Telefunken, reparando um transmissor de rádio clandestino instalado nos jardins da missão diplomática alemã. Uma combinação de problemas técnicos e muita atenção dos agentes americanos do outro lado da fronteira levou o transmissor a nunca funcionar adequadamente. Starziczny, então, foi enviado aos Estados Unidos para criar uma rede de transmissores de rádio de baixa potência para agentes alemães enviarem informações à América do Sul, de onde seriam retransmitidas a Hamburgo. Os agentes também tinham caixas postais falsas em São Paulo e no Rio de Janeiro para o envio de informações codificadas e escondidas em cartas particulares. Foi por meio desse tráfego que o FBI descobriu o Ponto, a redução microfotográfica de documentos secretos ao tamanho de um ponto final escondido dentro da aba de um envelope.

Starziczny falava pouco português, mas logo encontrou uma companheira que falava a língua – Ondina Batista de Oliveira Peixoto, a namorada de 37 anos de um tradicional barão que vivia no Waterfall Hotel, em Copacabana. Ignorando as instruções para não se envolver com mulheres locais, Starziczny passou a morar com Ondina no apartamento 82 do número 5 da Francisco Sá, próximo à praia. Posteriormente, mudaram-se para o que acabou se tornando a sede das operações de espionagem da Alemanha no Brasil, uma casa de dois andares na Rua Campos de Carvalho, 318, Leblon, Rio de Janeiro. A missão de Starziczny consistia em “coletar toda informação possível sobre os navios mercantes dos países em guerra com a Alemanha, em especial os britânicos – tonelagem, tipo de carga sendo transportada, destino e armamentos”. Muito em breve, milhares de toneladas eram despachadas para o fundo do Atlântico por submarinos guiados por Starziczny e os agentes que ele empregava em Santos com o objetivo de obter detalhes dos movimentos dos navios entrando e saindo do principal porto brasileiro. (...)

Embora o Brasil permanecesse neutro, a polícia do Rio de Janeiro ignorava as atividades da relevante comunidade alemã, em meio à qual Starziczny e Ondina eram proeminentes, desfrutando de um estilo de vida abastado patrocinado, em grande parte, pelas traições à Abwehr. Todavia, tudo isso mudou quando um submarino afundou dois navios mercantes brasileiros, gerando perda considerável de vidas, e o governo brasileiro enviou Elpídio Reali, chefe do batalhão de elite de São Paulo, para seguir os alemães no Rio de Janeiro. Reali seguiu Starziczny até sua casa e, no início da manhã de 15 de março de 1942, armado e com um mandado de busca, bateu à porta. Uma vez no interior da casa, o detetive descobriu um tesouro de parafernália de espionagem: um pequeno laboratório com câmeras, lentes fotográficas e um receptor de rádio. Quando Reali tentou abrir uma mala fechada, Starziczny gritou: “Não faça isso! Você vai explodir a casa!”

Havia outra caixa repleta de lenços de papel, na qual estavam os registros dos movimentos

de navios entrando e saindo do porto de Santos: suas tonelagens, se carregavam alimentos, tropas, munição e, em alguns casos, havia informações sobre as rotas e os destinos.

O nome de uma das embarcações saltou da página. Era o Queen Mary, um grande navio de carreira que agora transportava tropas que haviam partido de Santos três dias antes, levando 4 mil americanos a Adelaide, na Austrália. Sem um segundo a perder, Reali pegou o telefone mais próximo para alertar o embaixador britânico, que entrou em contato com o capitão do Queen Mary para mudar imediatamente o curso, pois era quase certo que havia um submarino alemão perseguindo o navio. Quando o Queen Mary não conseguiu chegar ao próximo porto de escala, em Buenos Aires, no dia esperado, o navio foi dado como desaparecido, e os alemães afirmavam que ele havia sido afundado. Porém, a essa altura, a embarcação havia escapado dos submarinos e estava segura e fora do alcance dos alemães.

Ao retornar à casa de Starziczny, o detetive Reali encontrou a amante acordada. Vestindo um robe, ela afirmou ser governanta do estrangeiro e não saber de nada a respeito das atividades alemãs. “Essa mala...”, falou Reali. “Você disse que ela explodiria a casa...” Concluindo que seria inútil resistir, Starziczny acenou uma negação com a cabeça e respondeu: “Não. Pode abri-la”. Dentro, o chefe do batalhão de elite de São Paulo encontrou dois transmissores de longa distância e um livro, do qual duas cópias microfotográficas de textos datilografados caíram enquanto ele folhava as páginas. Ao vê-

las, Starziczny, tomado pelo pânico, pegou um revolver escondido em uma prateleira – aquele que ele usaria para se matar, caso fosse ser levado vivo. Reali encontrara os códigos secretos da transmissão de Kriegsmarine.6“Isso vai me colocar diante de um pelotão de fuzilamento”, resmungou Starziczny. “A Gestapo nunca vai me perdoar.” O Brasil, explicou Reali, não tinha pena de morte e, se o agente cooperasse, a Gestapo jamais o pegaria. A confissão de Starziczny logo foi entregue aos serviços de inteligência pelo mundo. Em Berlim, a captura dos códigos Kriegsmarine desencadeou uma grande situação emergencial e, durante três dias e três noites, a mesma mensagem foi transmitida a agentes alemães repetidas e repetidas vezes:

“Aviso! Aviso! Lucas [codinome de Starziczny ] preso. [...] Código nas mãos do inimigo. [...] Mudar códigos. [...] Manter contato.”

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Fonte:

John Humphries em “O Espião de Hitler”, Editora Universo dos Livros, Capítulo 11, pags.195-197

Jornal “O Dia”, Curitiba, 16 de maio de 1952, pg.12

Website Medium de Fabio Pereira Ribeiro

Outras fontes para consulta:

DIETRICH, Ana Maria. Nazismo tropical. São Paulo: Todas as Musas, 2012.

HILTON, Stanley E. Suástica sobre o Brasil. 1. Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977.

LOPES, Roberto. Diplomatas e Espiões. 1. Ed. São Paulo: Discovery, 2010.

PERAZZO, P. “O brilho das suásticas na capital paulista”. In: CARNEIRO, Maria Luiza Tucci, São Paulo,
metrópole das utopias.São Paulo: Lazuli; Companhia Editora Nacional, 2009.

— O perigo alemão e a repressão policial no Estado Novo. São Paulo: Imprensa Oficial e Arquivo do Estado de São Paulo, 1999.

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